Shows de Império Contra-Ataca, Torvelim, Capote e Sorosoro embalaram a noite fria de sábado em Americana
Nos últimos anos temos observado – e vivido – a nostalgia emo pop punk dos anos 2000 de forma muito intensa: são festivais nichados no gênero como o I Wanna Be Tour (já em sua segunda edição) e o Polifonia Emo Vive (que toca ainda mais na nostalgia celebrando álbuns do passado). Além disso, diversas casas do Brasil promovem festas e shows focadas neste repertório.
Além de reviver momentos e sentimentos – principalmente estes, afinal, estamos falando de música emo -, a nostalgia também proporciona a criação e inserção de novas bandas do gênero na cena. Jovens que não viveram naquela época têm a oportunidade de ouvir com mais atenção – e até ao vivo – bandas que dominaram o cenário e se juntam pra tocar seus covers, começar a compor e, pra nossa felicidade, formar bandas autorais.
No sábado gelado do dia 31 de maio de 2025, em Americana, uma das casas do interior que mais promove a cena autoral independente e sua consequente renovação foi a sede de um evento muito especial para conhecermos novas bandas da cena emo e gêneros derivados. A HUP Sounds recebeu em seu palco Império Contra-Ataca (SP), Torvelim (SC), Capote (SP) e Sorosoro (SC).
O experimentalismo de Sorosoro
Liderados pelo vocalista/guitarrista Pedro Museka, o Sorosoro é uma banda de Blumenau, Santa Catarina, que foi criada a partir de jams entre amigos e em 2021 se tornou uma banda que hoje tem 1 EP e alguns singles lançados, sendo o mais recente a divertidíssima “AH! EU ODEIO TRABALHAR“, lançado irônica e propositalmente no dia 01 de maio, feriado do Dia do Trabalhador.
Com bateria, baixo e três guitarras no palco, a banda impressionou este showzeiro com uma sonoridade bastante experimental em um contexto sonoro que raramente se vê iniciativas desse tipo. São transições de ritmo e andamentos trilhados pela música indie emo, muitas vezes melancólica e em andamentos lentos (aliás o instagram deles é @riffslentos), que ora abre espaço para sons mais agitados.
Em conversa com Bolashow, a banda revelou que planeja trabalhar o segundo semestre de 2025 em seu primeiro álbum para lançar algo na transição de 2025 e 2026.

Capote, a novidade da baixada
A gente sempre espera coisa boa vinda da cena de Santos. Afinal, são diversas bandas que surgem por lá e sempre com muita inovação, originalidade e pegada. Com o Capote, formada em 2023, não foi diferente. A banda fez um show muito envolvente e de muita qualidade transitando pelo emo, shoegaze e vertentes do rock alternativo.
Curiosidade: Não é raro a gente associar banda de Santos com Charlie Brown Junior. E dessa vez a ligação é minimamente real: lá nos primórdios da banda mais famosa de Santos, quando ainda se chamava What’s Up, a turma do Chorão e Champignon ensaiava na casa do tio de João Pedro, guitarrista do Capote que, à época criança, lembra com carinho de ver os futuros famosos de perto.
A banda recentemente lançou um EP em novembro de 2024 – muito bem recebido pelo público – e já está trabalhando em um provável novo álbum.

O pós-punk do Torvelim
Diretamente de Brusque, Santa Catarina, a banda liderada por Luiz Libardo tem raízes muito fortes no Movimento BQ80, quando Brusque tinha uma cena tão forte nos anos 80 que acabou sendo batizada como “a capital do punk no sul”. A Torvelim surge como um resgate dessa cena, inclusive herdando a música “A Fuga”, uma composição não gravada pela banda Bandeira Federal – um dos expoentes da época -, e que um de seus ex-integrantes deu de presente à Torvelim.
A única banda da noite que tem um álbum lançado – “Do Meio Pra Baixo” (2024) – mostrou bastante entrosamento em um show produzido e bem ensaiado que “abriu” mais a gama de gêneros da noite introduzindo um envolvente pós-punk.
Com direito a solo de harmônica, Luiz Libardo é um muito competente e agitado frontman que comanda com segurança o show da Torvelim acompanhado de uma banda afiadíssima.

Império Contra-Ataca
Diretamente de Santa Bárbara d’Oeste, os “anfitriões” da noite têm carisma de sobra no palco – principalmente na pessoa de seu vocalista Joabe – e apresentaram um espectro mais alegre e divertido dos gêneros que dominaram a noite.
O “emo com violão” da “Imperioca” é bastante envolvente, dançante, por diversas vezes divertido. É bacana notar que a banda já leva consigo uma pequena multidão fiel que tem as músicas na ponta da língua. Inclusive, gosto muito de notar o quanto essas novas bandas fazem questão de mostrar a ligação com a sua cidade nas músicas. A “banda-irmã” Chococorn and The Sugarcanes tem como um de seus principais hits a música “Dom Bosco S.A.”, citando a rua do colégio. Já a Imperioca tem em suas composições referências diretas ao bairro barbarense onde o compositor vive.
A banda – que conta com um membro compartilhado da Chococorn and The Sugarcanes, já expoente do “emo caipira” – tem apenas dois singles lançados, mas já promete novidades como um próximo single e um novo EP que, segundo Joabe, “está vindo de verdade”.