A história da banda Tribo de Jah iniciou-se na Escola de Cegos do Maranhão, onde se conheceram quatro músicos cegos e um quinto com visão parcial (apenas em um olho). Vivendo em regime de internato, começaram a desenvolver o gosto pela música, improvisando instrumentos e descobrindo timbres e acordes. Posteriormente, passaram a realizar shows nos bailes populares da capital (São Luís) e em outras cidades do interior do estado, fazendo covers de seresta, reggae e lambada.
Foi nesse momento que surgiu o radialista Fauzi Beydoun, nascido em São Paulo, filho de italianos com libaneses, que já havia morado por quatro anos na Costa do Marfim (África). Grande aficionado pela cultura reggae — que era efervescente em São Luís nos anos 80 e se tornara um fenômeno quase inexplicável nas terras maranhenses —, viu o ritmo invadir inicialmente os guetos, para depois tomar toda a cidade, o interior do estado e até os estados vizinhos.
O reggae viria a marcar profundamente a já tão forte e original cultura maranhense — contestado por uma minoria de intelectuais conservadores, mas abraçado pela grande massa —, o que originaria o título de “Jamaica Brasileira” à capital do Maranhão. Centenas de clubes de reggae com suas “radiolas” (potentes equipamentos de som que se encarregavam de divulgar o ritmo quando ainda não era tocado nas rádios), e posteriormente diversos programas de rádio que finalmente viriam a aderir ao gênero em busca de audiência, justificariam largamente o título conquistado.
Foi nesse cenário que a Tribo de Jah deu a partida para difundir o seu reggae roots “até os ossos”, com suas mensagens de amor e paz, políticas sociais e espirituais — as quais a afastaram das grandes gravadoras. As rádios não tocavam, a TV tampouco informava, e os jornais faziam vistas grossas. De forma independente, a Tribo de Jah foi realizando shows e divulgando seus discos. Hoje, conta com uma gravadora e distribuição em nível nacional.
Passados dez anos de trabalho — com direito a uma escala no principal palco do reggae mundial (Reggae Sunsplash Festival – Jamaica, 1995) —, após se apresentar nos quatro cantos do país (de Belém a Porto Alegre, passando pelo Canecão e Metropolitan, no Rio de Janeiro, e pelo Palace e Olímpia, em São Paulo) e em alguns pontos internacionais (Buenos Aires – Argentina, Caiena – Guiana Francesa, além de shows na Europa, em países como França e Itália), a banda vive um momento muito especial na trajetória que vem trilhando, rumo ao inevitável reconhecimento de seu trabalho, tanto no Brasil quanto no exterior.