COBERTURA DE SHOWS
System Of A Down em Interlagos. Foto por Gabriel Lopes.

System Of A Down entrega um dos maiores shows da carreira em Interlagos

A turnê da América do Sul do System of a Down elevou o patamar do que é atmosfera do show para todo o público presente na Colômbia, Peru, Argentina e Brasil.

Com o espaço amplo do autódromo, mesmo em pleno dia útil (quarta-feira, 14/05/2025), a banda americana reuniu mais de 70 mil pessoas e fez a sua maior apresentação da história, levando em conta duração e quantidade de músicas.

A venda de ingressos foi satisfatória dentre o comparado às outras datas de São Paulo; durou até poucos meses antes do evento e o fã conseguiu comprar com respiro os ingressos de pista única. Foi o suficiente para lotar a baixada de Interlagos e preencher até o último espaço disponível do autódromo.

O System of a Down – Dispensa apresentações

O grupo armênio-californiano de nu-metal teve sua estréia na música em 1999 com um disco auto-intitulado (o da mão, fazendo a clássica saudação do gênero formando uma garra com os dedos), e desde então carrega uma legião fanática com seu som político, pesado e cheio de referências da música leste-européia. Desde o debut, a banda carrega um público fiel e intenso, mas foi com o lançamento de “Toxicity” (2001) que explodiram e tomaram conta do mainstream nas paradas da MTV.

Essa foi a terceira passagem deles por aqui: em 2011 a banda veio ao Rock in Rio para abrir para o Guns N’Roses, e voltou ao festival em 2015 como headliner. Ambas visitas ao país foram complementadas com show em São Paulo. Desde então, a banda se distanciou por divergências políticas envolvendo o conservadorismo do baterista John Dolmayan – que doideira né? – e o bloqueio criativo de todos nas composições. O hiato foi quebrado pela união dos participantes para lançar duas músicas no período da pandemia, com fins solidários à economia armênia.

Apesar dos desentendimentos, o System veio ao Brasil com aparência de amizade estável e bom relacionamento. Assistiram uma partida de futebol, receberam e interagiram fãs, e não pouparam elogios via redes sociais à plateia incendiária daqui.

O setlist itinerário

É prática dos shows a troca das músicas do setlist que acompanham os hits indispensáveis, criando ao fã a expectativa de qual música será incluído no dia que estiver presente.

O show do dia 14 não foi diferente e contou com exclusividades que não foram tocadas nas outras datas:
– Attack
– Violent Pornography
– Mr. Jack
– Genocidal Humanoidz
– A.D.D.
– Bubbles
– Streamline
– War?

Bandas de abertura

O evento contou com as bandas Ego Kill Talent e AFI para preparar todo o público pra receber a atração principal da noite.

Já conhecida do público brasileiro por marcar presença em vários – quase todos – eventos da produtora 30e, o Ego Kill Talent aqueceu o front stage com a voz imponente da Emily Barreto. O grupo incluiu no setlist e apresentou seu novo single “Last Ride (her)”, além de fechar a performance com o riff poderoso de “Sublimated”.
Apesar de algumas críticas mistas ao longo das apresentações, o grupo demonstrou entusiasmo e profissionalismo, preparando o público para as atrações seguintes.

Ego Kill Talent em Interlagos. Foto por André Bolashow.

A veterana banda AFI, dos Estados Unidos, foi surpreendentemente e “esquisitamente” anunciada como banda de abertura apenas do show em Interlagos, não sendo escalada para os demais shows do System Of A Down no Brasil. Embora não tenha recebido o entusiasmo do imenso público, a banda que transita entre diversos gêneros do punk, hardcore e rock alternativo entregou um show competente, enérgico e com boa performance do vocalista Davey Havok que, por diversas vezes, se enganchou no público, nos amplificadores, na bateria e em qualquer lugar que tivesse oportunidade.

AFI em Interlagos. Foto por André BolaShow.

Colocando o sistema abaixo

O momento mais aguardado da noite teve início já incendiário. A apresentação antes marcada para o início às 21h contou com atraso de 20 minutos, enquanto isso a platéia se aquecia com a discotecagem de clássicos roquistas. Porém, tudo mudou quando as luzes se apagaram e o quarteto subiu ao palco. Interlagos virou um mar vermelho coberto de sinalizadores, com rodas abertas para o início de “X”.

Não havia espaço dentre a multidão que estava parado. O público curtiu muito a sequência intensa de “Attack”, “Suite-Pee”, “Prison Song”, “Violent Pornography” e só tomou um respiro com o interlúdio tocado pelo Daron de “Mr. Jack”. Todos da banda se mostravam inteiramente entregues à apresentação, deixando tudo mais intenso.

O palco por si completava todo o espetáculo; composto por um telão que tomava toda proporção do front-stage, era complementado por linhas de luzes sobrepostas que tinham seus lados içados, então conforme as músicas eram executadas, o teto performava sob a banda formatos distintos e fluidos. Foi muito satisfatório acompanhar visualmente o show, pois além do palco permitir boa visibilidade do grupo, a dinamicidade quebrava qualquer sensação monótona que possa vir – se é que isso é possível – das mais de 2h de show.

A banda estava entrosada, demonstraram ensaio efetivo nas transições de músicas e cada um ali não poupou performance. Particularmente me surpreendeu muito a melhora da voz de Serj, assim como também sua relação com o baterista John, quem até dividiu o microfone em “Bubbles” gerando um momento icônico no show.

System Of A Down em Interlagos. Foto por Gabriel Lopes.

Dentre algumas execuções, Daron mesclava interlúdios divertidos citando músicas pop antes de iniciar a porrada do System, como “Every Breath you Take” do The Police – comentando sobre a perseguição bizarra do protagonista na letra – e “Careless Whisper” de George Martin. Além disso, antes de iniciar “Cigaro” o guitarrista declamou o primeiro verso da composição, finalizando com o comentário de que “a música é muito bobinha, mas eu sou também”. A platéia respondeu super bem à brincadeira, além de realizar uma chuva de cigarros por todo o moshpit que abrangia o front-stage.

Em meio à invasão de uma bandeira brasileira no palco, o show encaminhou para o final e todo o público se preparava para o momento “spinnig arround” de “Toxicity”. O autódromo foi tomado por fumaça e os sinalizadores aqueciam o frio que fazia em São Paulo. Dificilmente teve algum presente que não se viu caindo de gaiato em alguma roda que a platéia fazia.

O grupo confirmou o fato que já estava sendo imaginado por todos: realizou um dos shows mais enérgicos para todos os presentes, e colocou em outro escalão o que é sinergia dentre artista e público. Foi com certeza um presente para cada um que enfrentou um dia útil para estar lá, mas tenho certeza que a platéia brasileira abriu mais espaço no coração dos quatro que estavam na frente de tudo. Eles assistiram nosso show.

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